Poucas raças no mundo têm uma história bonita e um grande legado deixado para a modernidade como a raça brasileira Campolina. Antes de falecer, em 28 de julho de 1904, Cassiano Antônio da Silva Campolina, também patriarca do Cavalo Campolina, deixou, em testamento, toda sua riqueza para construção de uma obra que assistisse a região de Entre Rios de Minas (MG). E assim acontece até os dias de hoje. Inaugurado em 1910, o Hospital Cassiano Campolina, que leva seu nome, atende uma população de 40 mil habitantes das cidades mineiras de São Brás do Suaçuí, Lagoa Dourada, Piedade dos Gerais, Desterro de Entre Rios e Jeceaba, além da própria Entre Rios. Pelo Pronto Socorro passam mais de 2.000 pessoas/mês, além de possuir as especialidades de Clínica Médica, Cirurgia, Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria. Com uma estrutura considerada boa por Afonso Miranda, provedor do hospital, a equipe atual conta com 55 pessoas, entre médicos, cirurgiões, enfermeiras, administradores, recepcionistas, cozinheiros e lavanderia.
Filho do major José Caetano da Silva Campolina e da dona Francisca de Paula de Ferreira, Cassiano Campolina era um homem de muitas posses. Excêntrico, passou oito anos sem ultrapassar os limites da sua propriedade, a Fazenda Tanque, que ainda existe. Tinha apenas dois amigos, o coronel Joaquim Pacheco de Resende e João Ribeiro de Oliveira, inicialmente, herdeiros de sua fortuna. Ao saber dos planos de Dr. Arthur Ribeiro de Oliveira, juiz da Comarca em 1902, para angariar fundos para a construção de um hospital para a região, Joaquim Pacheco e João Ribeiro entraram em acordo para abrir mão do legado de Campolina, que o reverteu para conclusão da obra. Campolina morreu em 1904, aos 68 anos, e o Hospital Cassiano Campolina foi inaugurado em 15 de setembro de 1910, quando a enfermaria atendia os oito primeiros pacientes.
No ano de 1914, o número de atendidos já subia para 1.492. Cinco anos depois a instituição concluía a instalação de energia elétrica, graças a um acordo com o senador Francisco Ribeiro de Oliveira, cuja propriedade abrigava uma cachoeira capaz de iluminar toda a cidade de Entre Rios, conforme constatou estudo do padre João Luiz Espechit. No ano de 1918, o hospital teve especial importância no Brasil, tratando 1.000 pessoas acometidas pela Gripe Espanhola, das quais apenas duas morreram. O fato se repetiu em 1919, com a doença chegando ao distrito de Rio do Peixe, para onde foram enviados medicamentos manipulados em sua própria farmácia. Também foi o Hospital Cassiano Campolina que cuidou dos casos de varíola que irromperam na cidade de Entre Rios, isolando os doentes em suas casas. Atualmente, o hospital mantém sua importância para a sociedade e conta com apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina.